Depois do curioso alinhamento nos oitavos-de-final, sabia-se já os quartos-de-final poderiam também proporcionar uma re-edição. Faltava saber se, em caso de apuramento argentino, se re-editaria os quartos-de-final de 2006 ou de 1986. Deu Alemanha.
Depois do curioso alinhamento nos oitavos-de-final, sabia-se já os quartos-de-final poderiam também proporcionar uma re-edição. Faltava saber se, em caso de apuramento argentino, se re-editaria os quartos-de-final de 2006 ou de 1986. Deu Alemanha.
A referência era o duelo no Alemanha'2006 e para aí virados anteciparíamos um confronto bastante competitivo, algo quente e com pelo menos um golo vistoso.
Com a troca de Jónas por Otamendi a formação argentina garantiu maiores serenidade e certeza de passe na ala direita, já a saída de Verón por Maxi ofereceu menor garantia nas transições ofensivas numa possibilidade de futebol directo. Não foi necessário abandono dos apoios na construção ofensiva para que as coisas corressem às mil maravilhas para os de Maradona. Os mexicanos tentavam o que lhes sai melhor usando como veículo extremos fortes no capítulo técnico no apoio ao letal Hernández.
Hoje não foram necessárias demonstrações de treino nas bolas paradas mas Roberto Rosetti passou a réu quando o papel deveria ser o de juiz. Corria o minuto 26, Tévez empurrava a bola para as redes a passe de Messi em claro fora de jogo. Pelas imagens é perceptível o mau posicionamento do árbitro auxiliar que sancionou golo. Um erro que acontece a todas equipas de arbitragem constituídas por seres humanos e sem apoio tecnológico - assumo aqui a minha falta de paciência para delírios justiceiros e desiguais que transformariam o futebol numa outra coisa qualquer. Erro grosseiro, siga a marcha. Ou o tango. Poucos minutos após a ilegalidade que inscreveu o primeiro golo, um Osório desconcentrado assistiu Higuaín para o seu quarto golo no torneio. Estaria a história contada quando as equipas desceram às cabinas e aí observam-se uns mexicanos indignados. Tinham a sua razão.
No reatamento a história no relvado foi mais do mesmo no que às duas selecções dizia respeito. Os centro-americanos só assustaram realmente aquando do golaço de Hernández que só atenuou, com o bis de Tévez, o descalabro mexicano.
Acabou por ser um capítulo tranquilo nas aspirações da argentinas, com bons golos em ambas as balizas e a perspectiva confirmada de uma recuperação nas memórias de mundiais passados.
Adiós Mexico, que venga la Alemania!
Melhor em Campo: 11 Carlos TÉVEZ
Chegar ao século XXI, numa das mais importantes competições do mundo e ainda ter de assistir a golos não validados desta forma, não faz sentido absolutamente nenhum. Desde já aviso que não há "nada" a apontar à vitória dos Alemães (da forma como decorreu o jogo) que foi justa, foram a melhor equipa, mas o golo Inglês não foi o reduzir para 3-1 ou 4-1. O golo inglês foi o empate numa altura crucial em que os Ingleses estavam motivados e conseguiam empatar uma partida que a partir daquele momento poderia cair para qualquer lado, sendo que o mais certo seria cair para o lado alemão. Não quero discutir qualidade das equipas, a Selecção Alemã é melhor que a Inglesa, ponto final.
Blatter adora isto, Platini também, o mundial fica manchado de uma forma completamente desnecessária porque existem variadíssimos métodos que poderiam ser implementados para evitar este tipo de situações. Não sou a favor da "robotização" total da arbitragem, mas está claro que não validar um golo que entrou por mais de 1 metro não deveria acontecer num mundial de futebol. É pena que estes senhores que pensam ser os reis da sabedoria não aprendam com os americanos, que ainda este ano nas finais das suas mais importantes competições (NBA, NHL e NFL) utilizaram ainda mais tecnologia para evitar absurdos de arbitragem.
"All the managers and the stars of football are calling for it. Not everyone can be wrong, can they?", diz Shearer, "In the modern world we've got technology, let's use it.", Harry Redknapp, "Where is the technology? Instead we are talking about goal or no goal.", diz Capello.
p.s. entretanto, mais um jogo mais um erro escândaloso, primeiro golo da Argentina contra o México!
Poucos minutos após o fim do jogo Lineker disse na BBC qualquer coisa como muita alemanha para tão pouca Inglaterra. Se o autor da célebre frase de 1990 evitou repeti-la não vou ser eu a fazê-lo. Mas todos sabemos que ele tem razão.
Falar de campeonatos do Mundo de futebol é falar de confrontos Inglaterra - Alemanha. Em 2010 mais um capítulo para este romance cheio de curiosidades, polémicas, golos, dramas e vinganças. O jogo esteve à altura do seu historial e vai marcar o torneio.
A partida divide-se em 3 grandes partes fáceis de serem contadas. Começa a Alemanha mais confiante, organizada e a arriscar no ataque acabando por concretizar as ameaças num lance minimalista que se resume a um pontapé de baliza de Neuer para Klose que mostra toda a sua classe finalizadora perante a cerimónia de Upson e Terry. Aos 20' estava aberto o marcador e esperava-se a reposta da equipa de Capello. Só que os alemães mantiveram o ritmo e ao fim de 12' aumentaram para 2-0 com uma jogada colectiva excelente do ataque com Muller, Klose e Podolski a redimir-se do pesadelo que viveu contra a Sérvia. Pouco mais de meia hora e o jogo estava nas mãos dos alemães.
Aqui começa a 2ª fase do jogo dominada pelos ingleses que partiram em busca do golo com todo o seu coração. Com tanto desacerto dos avançados, Rooney é o primeiro ponta de lança a ficar em branco num Mundial ao fim de 4 jogos, foi preciso subir Upson para fazer de cabeça um grande golo 5' depois do 2-0 e ainda com 10' para o intervalo. A Alemanha acusou o golo, a Inglaterra cresceu, acreditou e fez mesmo o 2-2. Fez mas o árbitro não viu que o belo remate de Lampard entrou na baliza depois de ir à trave. Os ingleses desesperaram, entre alemães não terá havido um único que não tenha esboçado um sorriso a lembrar-se das imagens de 1966. Era um claro sinal que a História queria acertar contas entre os dois países. Foram a reclamar os ingleses para o intervalo e a prometerem muita luta para a 2ª parte.
A Alemanha sabia que tinha de sofrer para controlar o jogo ofensivo inglês irritado pelo golo anulado e a querer fugir à fatalidade de ficarem a chorar esse lance como justificação para uma derrota.
Esta 2ª fase do jogo dominada pela Inglaterra em busca do empate durou até aos 67' altura em que a Alemanha soltou-se e perante tanta ineficácia inglesa, o melhor que fizeram foi mais um remate de Lampard à barra, Muller mostrou como se finaliza uma jogada rápida de contra ataque com toda a eficácia. Toda a gente percebeu que este era o golo que mostrava de novo aos ingleses o seu habitual destino nestes embates: o aeroporto!
A Inglaterra baixou os braços, Capello mexeu mas sem convicções, Heskey e Joe Cole nada vieram mudar e Walcott em casa deve ter sorrido ironicamente.
A Alemanha passou a dar um recital de posse e troca de bola, Low rodou a equipa com a entrada de Kissling, Gomez e Trochowski e aqueles que se riram na derrota contra a Sérvia justificando os 4 golos à Austrália com a falta de qualidade dos "cangurus" agora devem estar a pensar duas vezes mesmo porque Muller fez questão de correr meio campo para apanhar o passe excelente que Ozil tinha para lhe oferecer aumentado para 1-4!
A Alemanha é uma equipa renovada, jovem, com bom futebol, atracção pelo golo, qualidade defensiva e o peso de uma rica história que faz deles uns naturais e eternos favoritos a ganhar qualquer jogo.
A Inglaterra hoje sentiu isto tudo de uma só vez. Mais uma vez!
Melhor em campo: 13 Thomas MUELLER