Cerca de 1 mês e 64 jogos depois, a Jabulani deixou de rolar nos relvados da África do Sul. Merecidamente, a Espanha sagrou-se campeã do mundo, após de ter brilhado no Europeu de 2008. Uma geração de jogadores que justifica todos os elogios. Terminada a competição, espaço para uma avaliação final: os intérpretes que mais encantaram os adeptos do futebol, os aspectos menos positivos do torneio e os momentos que deixam saudades.
No meio de 32 selecções nacionais, entre centenas de jogadores, não resulta tarefa fácil determinar um onze-base com os melhores. A escolha é sempre subjectiva, sujeita ao gosto pessoal de cada um. De qualquer modo, aceito o desafio. Respeitando o sistema táctico 4x2x3x1, por sinal o esquema utilizado pelas selecções presentes na final – Espanha e Holanda – aqui ficam os meus 11 heróis do Mundial 2010:
Na baliza, Iker Casillas, o experiente guarda-redes do Real de Madrid. José Mourinho pode dormir tranquilo. No lado direito da defesa, Sergio Ramos. Ao centro, o alemão Arne Friedrich e o capitão do Barcelona, Carles Puyol. Na esquerda, um outro capitão, mas da selecção ‘laranja’: Gio Van Bronkhorst. De uma maneira ou de outra, todos eles foram muito importantes na caminhada da sua selecção. No meio-campo, o duplo-pivot poderia ser constituído por Xavi e Wesley Sneijder, ‘príncipes’ deste mundial e respectivos comandantes das equipas que pisaram o palco da final. Quanto ao trio mais ofensivo, as dúvidas desaparecem: Thomas Muller (Bota de Ouro e melhor jogador jovem), Diego Forlán (Bola de Ouro ou melhor jogador da competição) e Andrés Iniesta, marcador na partida decisiva, acabam por reunir algum consenso. Por fim, na frente, o jogador que falta: o avançado David Villa, também com 5 golos na contagem pessoal.
No entanto, seria tremendamente injusto não mencionar mais uns quantos jogadores que, de uma maneira ou outra, se destacaram positivamente: o guardião holândes Stekelenburg, o lateral uruguaio Maxi Pereira, os defesas Piqué e Capdevilla (a partir da fase a eliminar, a Espanha não sofreu qualquer golo), a dupla móvel alemã servida por Khedira e Schweinsteiger, a velocidade de ponta de Robben e/ou a capacidade de finalização de Suárez e Miroslav Klose. O lote disponível é enorme, pelo que o tempo irá encarregar-se de dar valor a quem merece ser distinguido.
Finalmente, terminada a competição, o que fica deste torneio? Quais os pontos mais, ou menos, positivos do maior espectáculo do mundo no continente africano? O que deixa saudades e o que não correu conforme o esperado? Em frases curtas e directas, vamos ao + e - do mundial 2010 disputado na África do Sul:
+
A consagração do (bom) futebol espanhol. O equilíbrio da competição. A incerteza do resultado. O bom comportamento registado nas bancadas. A inexistência de conflitos entre os adeptos. O clima festivo, e colorido, num país com intensas dificuldades sócio-económicas. A cobertura, detalhada, da imprensa nacional e internacional. As melhores jogadas. Os melhores futebolistas. Os golos. O Maradona. As beldades Larissa, Sara Carbonero, entre outras. O polvo Paul. As frases, imagens e vídeos que ficam para a história. O mundial, em si mesmo. Agora, só daqui por 4 anos.
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O tardio amadurecimento do futebol africano, excepção feira para o Gana. A decepção de algumas selecções europeias (França, Itália e Inglaterra). A participação discreta da equipa nacional. A falta de ambição (realismo?) do seleccionador. A cuspidela de Cristiano Ronaldo. As análises e comentários de alguns jornalistas da nossa praça. As vuvuzelas. A chuva. O estado dos relvados. O (excessivo) pragmatismo táctico. A aposta no paradigma defensivo. A quebra na criatividade e imaginação. A raridade do talento puro. Na generalidade, o fraco futebol apresentado. Tempo, agora, para despedir-me deste espaço.
A todos os leitores, agradeço os comentários elogiosos aos artigos de “táctica” e louvo a participação activa durante este longo mês: sem vocês, o blogue Jabulani não tinha a atenção e crédito que também fez por merecer. Aos meus ‘colegas de bancada’ agradeço a oportunidade de contribuir, não tanto como gostaria é certo, para o engrandecimento deste projecto, na certeza de que o resultado superou as melhores expectativas. Até daqui por 4 anos ou, na melhor das hipóteses, quem sabe, durante o Europeu de 2012. Abraço a todos e obrigado!