A Argentina chegou a este Mundial envolta num ambiente de desconfiança generalizada, mas a verdade é que respondeu bem na estreia. Maradona começou logo por surpreender no 11 retirando um dos quatro centrais anunciados na defesa para lançar o anunciado Tevez ao lado de Higuain e garantir maior amplitude de movimentos a Messi. A alteração motivou o recuo de Jonás Gutierrez, uma aposta que fazia lembrar os tempos em que Sorin asumia toda a ala esquerda da alvi-celeste e o 442 se desdobrava num 352. Jonás foi mesmo defesa direito e Heinze não ficou remetido às tarefas defensivas.
A equipa de Maradona entrou bem, marcou cedo e foi superior em todos os aspectos: mais posse de bola, mais cantos, o dobro das tentativas de remate dos nigerianos e mais bolas enquadradas com a baliza (7 contra 1). O resultado poderia, e devia, ter sido mais volumoso. Uns apontarão a (pouco habitual) ineficácia de Messi e Higuain, outros sublinharão a excelente exibição de Enyeama, aparentemente a mais no campeonato israelita.
Leo Messi, alvo de todas as atenções, ainda não foi genial, mas a sua estreia cria justas expectativas para o resto do torneio. Já Di Maria, o outro de quem se fala, pareceu perdido entre as subidas de Heinze e as movimentações dos avançados que muitas vezes caíam na sua área de intervenção. O facto da Argentina ter privilegiado o lado direito também não ajudou para que entrasse em jogo.
A grande dúvida argentina está no seu meio-campo, já que a equipa apareceu muitas vezes partida nas transições defensivas. Algo que os nigerianos não souberam aproveitar, apesar de algumas iniciativas interessantes pela esquerda, tentando explorar a menor rotina defensiva de Jonás. Mas o nervosismo africano foi evidente durante quase toda a partida, exemplificado por algumas recepções desastrosas de jogadores cuja valia técnica não é de descurar. E foi só nos últimos 20 minutos, já com Martins e Odemwingie integrados no ritmo do jogo, que as Super-Águias conseguiram pôr em sentido a defesa argentina. Mas se pregaram alguns sustos a Romero, a verdade é que o guarda-redes do AZ Alkmaar nunca foi chamado a intervir.
HOMEM DO JOGO: 1 Vincent ENYEAMA