Domingo, 13 DE Junho 2010

Aproveito o balanço do excelente post do Nuno Tadeu para partilhar a minha preferência alemã em Mundiais.

É engraçado como o tempo passa e a vontade de contarmos a mesma história nunca desaparece e vai enriquecendo em ciclos de vida que nos vão envelhecendo mais depressa do que queríamos.

No fim dos anos 80 no Liceu de Benfica já toda a gente sabia que eu era o que torcia pela Alemanha já que eu levava vestida a camisola da mannschaft muitas vezes.

Mais tarde nos locais de trabalho por onde passei quando chegava o verão dos anos pares lá explicava porque torcia pelos Alemães.

Ao longo da vida vi sempre colegas e amigos torcerem pela Argentina, Brasil, Inglaterra ou Itália. Muito poucos encontrei que gostassem da Alemanha.

A minha vida ficou marcada pelo Mundial de 1982 em Espanha. Foi o primeiro torneio que acompanhei com atenção e foi aí que percebi que adorava ver futebol além do Benfica. Nesse ano já ia a todos os jogos na Luz e estava habituado a ver futebol e a um Benfica vencedor. O Mundial era um bónus para ver o futebol de outros países, ver jogadores que raramente podia ver, conhecer outros que só conhecia de jornais e revistas ou cadernetas.

Apaixonei-me pelo Brasil do Zico, Sócrates, Éder e Falcão. Sofri bastante na tarde em que a Itália afastou o Brasil porque senti que o futebol pode ser muito cruel. Continuei a seguir o torneio e sem Brasil os meus olhos brilhavam com o futebol de Littbarski, Rummenigge, Fischer, Breitner, Stielike, Hrubesch ou do grande guardião Schumacher.

Também gostei de ver os craques franceses e italianos e não esqueci a excelente Polónia de Boniek que assinou maravilhoso Hat trick contra a Bélgica. Mas o futebol alemão ficou-me na retina.

Depois seguiu-se o Euro'84 e delirei com a carreira de Portugal. Era a primeira vez que via a nossa Selecção numa fase final tão importante. Dois anos mais tarde em 1986 tive tempo para ficar desiludido com o circo de Saltillo. E foi com naturalidade que continuei a seguir o Mundial olhando só para os outros países.

Queria o sucesso do Brasil porque ainda não tinha esquecido os jogos de 1982. Mas o Marrocos-Portugal estragou tudo. Não achei piada nenhuma a ver os adeptos brasileiros no México a torcerem por Marrocos e a festejarem à grande a nossa segunda derrota! Nem o facto dos africanos serem treinados por um brasileiro me fez mudar de ideias. Senti ali uma traição.

Uns dias mais tarde vi o França-Brasil e quando vi Zico entrar e sacar um penalti que metade da equipa festejou como se tivesse sido um golo para depois o próprio Zico falhar pensei que a minha vida não era apoiar aquele futebol. Os franceses afastaram o Brasil nos penaltis e na minha preferência. Nessa altura já só tinha olhos para Maradona. Vi todos os jogos da Argentina e fiquei para sempre rendido a Diego Maradona.

No entanto nunca fiquei agarrado à selecção argentina. Adorava o Maradona e por isso gostava de ver a Argentina como gostava de ver o Barça ou o Nápoles, desde que Maradona estivesse lá.

 

Entre 1986 e 1988 a minha vida mudou muito, turbulências familiares que me fizeram ver a vida de outra maneira e conhecer pessoas mais velhas que me ajudavam a a crescer o necessário na altura. Uma dessas pessoas é um amigo de infância da minha mãe que ao saber da minha paixão pelo Benfica e por futebol aproximou-se e alimentou muita desta loucura. Contou-me histórias do seu benfiquismo e mostrou-me como era vivido o futebol na Alemanha onde ele vivia há 20 anos. Começou a trazer-me resumos gravados em VHS para eu conhecer a Bundesliga e alguns jogos da Alemanha. Passei a adorar o Hamburgo, cidade onde ele vivia, e alguns jogadores como o Klinsmann, na altura no Estugarda, ou o Matthaus, ou o grande Aughentaler.

O golpe final aconteceu no meu 15º aniversário quando ele me traz a novíssima camisola da Alemanha que tinha as cores da bandeira a atravessar o habitual branco. A camisola mais bonita que já vi em Mundiais chegou a Portugal uns meses antes de começar o Euro'88 que era jogado na Alemanha.

Quando começou o Euro'88 todos os meus colegas da Secundária de Benfica ficaram ruídos de inveja ao ver que eu já exibia aquela camisola há meses e que não se vendia por cá.

A Alemanha passou a ser a minha equipa mesmo porque , mais uma vez, em 1988 não houve apuramento português. O Euro'88 não correu muito bem porque a laranja mecância do Gullit levou tudo à frente mas a espera foi curta.

Em 1990 em Itália as camisola alemãs lá continuavam a espalhar encanto no Mundial com uma senhora equipa. Foi com euforia que festejei a carreira alemã e a vitória na final contra a Argentina. Revia-me tanto naquele futebol e naqueles jogadores. O trio interista Matthaus- Brehme - Klinsmann e todos os outros. Adoptei aquela selecção e o facto de ser sempre olhado de lado quando digo que torço por eles dá-me ainda mais gozo.

A partir daí compro quase sempre as camisolas alemãs e torço sempre por eles. Só no último Mundial é que fiquei triste quando Portugal caíu aos pés de Ballack e companhia.

Já não há Klinsmann mas houve sempre grandes jogadores na Alemanha que raramente deixaram mal quem os apoiou.

 

Com a evolução da Bundesliga e as naturalizações o futebol da selecção também se modificou e este ano apresenta uma mescla muito interessante de ser seguida. Há consagrados no meio de miúdos que o mundo nem conhece.

 

Hoje entra em campo a Alemanha e tal como acontece sempre desde 1988 eu vou torcer por eles. Tudo por causa do amigo Pedro Macedo a quem deixo aqui um forte abraço.

publicado por J.G. às 03:21
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Já somos 2!
SupermanTorras a 13 de Junho de 2010 às 08:30
Agora a sério :-o

Já somos 2!

e que belo começo!
J.G. a 13 de Junho de 2010 às 23:06
boas, jg eu também gosto do futebol alemão e revejo-me em muita coisa aqui. a camisola é mesmo linda. :)
rossoneri a 13 de Junho de 2010 às 13:13
sim. gostava de a reencontrar
J.G. a 13 de Junho de 2010 às 23:06
excelente texto JG
devias partilhar no red pass.
paulo costa a 13 de Junho de 2010 às 14:28
obrigado já lá está
J.G. a 13 de Junho de 2010 às 23:07
Por acaso tive alguns colegas de escola que torciam pela Alemanha, mas actualmente rareiam. Como tu já sabes, odeio a Alemanha. :) É verdade que, por questões políticas e geográficas, os rivais da Argentina são Brasil, Uruguai e Inglaterra, mas apanhei, nos meus dois primeiros Mundiais, a Alemanha a defrontar a alvi-celeste nas finais e isso explica muita coisa. Mesmo que o Kopke, o Schuster, o Littbarski, o Klinsmann, o Hassler, o Moeller, o Sammer, sejam alguns dos meus jogadores preferidos de sempre. Depois, apesar de não ter grande simpatia pelo Milão, era um fã assumido da Holanda de Gullit e Van Basten e o trio interista que referiste alimentava uma interessante rivalidade som o trio holandês. Por isso, olha, que percam sempre! :)
N.T. a 13 de Junho de 2010 às 15:02
Pois, eu partilho a linha de pensamento do Tadeu. Entendo a forma como essa paixão pela Alemanha foi sendo construída e respeito muito a história futebolística do país. Admiro o futebol e aquela força mental titânica. Mas, foi a Argentina de Maradona que me tocou o coração e essas lembranças ficaram para sempre.
Belo texto!
stadium a 13 de Junho de 2010 às 15:07
obrigado, ricardo
J.G. a 13 de Junho de 2010 às 23:08
só por isto:
"o Kopke, o Schuster, o Littbarski, o Klinsmann, o Hassler, o Moeller, o Sammer, sejam alguns dos meus jogadores preferidos de sempre. "
dedico.te os 4.0
J.G. a 13 de Junho de 2010 às 23:08
Provocações a esta hora?
Queres fight? :)
N.T. a 13 de Junho de 2010 às 23:13
eu também sou fã da selecção alemã, mas para mim a camisola mais bonita é a do equipamento alternativo, a verde!

abraço
aquaporina a 14 de Junho de 2010 às 18:56
28/06/2018 - Olá boa tarde . Pois gostaria de lhe dizer que apoio a Mannschaft desde 1982, sem grandes solavancos - apoiei a equipa desde o princípio e ela só falhou na final - obviamente que houve percalços vários - eu sei - mas delirei com a Itália de Paolo Rossi. Hoje estou muito triste porque a Alemanha apresentou-se no Mundial da Rússia, como se fosse uma sombra de si mesma - uma lástima que nunca supus que pudesse acontecer - porquê?
Porque não está no ADN teutónico deixar tudo nas mãos de Deus( ou do Diabo) . Por isso - eles foram de volta a casa - e muito bem - porque pelos vistos há problemas na selecção alemã - que não vieram cá para fora - enquanto eles estiveram na Rússia.
Penso que o ciclo Joachim Löw está no fim - e ele deve apresentar a sua demissão. Foi um ciclo extraordinário - mas acabou!
Agora torço pelo México, Senegal, Colômbia, Bélgica, Inglaterra e PORTUGAL!!!!!
Na final - uma equipa europeia e outra da América do Sul - quais???? :)
Madalena Crespo a 28 de Junho de 2018 às 16:25

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