O enquadramento necessário para este jogo é que estamos perante o único grupo que tem 4 selecções acima do 30º lugar do ranking FIFA. Mas ninguém acredita que Argélia e Eslovénia possam fazer um grande mundial. Com um resultado já conhecido deste grupo, o empate da Inglaterra com os Estados Unidos, há também um enquadramento local, ninguém quereria perder o jogo, e quem ganhasse podia ficar em boa situação para lutar pela qualificação. Uma curiosidade estatística, a Eslovénia é o segundo país com menos população a entrar em Mundiais, logo a seguir a Trindade e Tobago.
Para quem acompanha o futebol nacional havia 2 jogadores muito próximos de nós, mais concretamente do Benfica. Yebda, actualmente no Portsmouth (campeão mundial sub-17 pela França e único jogador a poder se campeão por 2 selecções diferentes) e Halliche, emprestado ao Nacional, entraram no onze titular da Argélia.
O jogo começou de forma tão calma, que a certa altura chegava-se a questionar se os jogadores estavam sob o efeito de algum ansiolítico. Ligeiro ascendente nos primeiros minutos da selecção argelina, Halliche em destaque, mas os passes falhados aumentavam da mesma forma proporcional que as críticas à Jabulani. Mas diga-se em abono da verdade que a culpa não era da bola. A primeira situação de perigo verdadeira por parte da Eslovénia foi ao minuto 20. A primeira meia hora de jogo que assistimos foi talvez a pior deste mundial, e o público confirmou-o quando começaram a fazer a onda mexicana, já não havia nada que os prendesse ao jogo. A melhor oportunidade da primeira parte foi aos 35 minutos por Halliche, uma cabeçada que só não entrou porque a direcção não foi a mais correcta. Final da primeira parte com o resultado certo, apesar do ligeiro ascendente da Argélia, Halliche em destaque com 24 passes dos quais 22 feitos de forma correcta.
A segunda parte tinha de prometer mais. Pelo menos esperávamos nós, adeptos de futebol. Os primeiros 10 minutos confirmaram que ninguém queria perder, ninguém desejava descarrilar o comboio da qualificação. E mesmo os treinadores não estavam virados para alterações drásticas nas suas equipas, não havia pensamento a médio prazo. Ninguém estava para pensar que uma vitória hoje dava direito à liderança no grupo com 2 pontos de vantagem.
Continuou-se num ritmo de treino. O empate parecia o destino desta partida.
Mas 2 momentos alteraram a história do jogo. Não foi o adepto que via o jogo da torre de iluminação perante o olhar incrédulo da polícia, nem o facto de Zidane estar nas bancadas. Ghezzal entrou na equipa argelina para dar alguma profundidade ao jogo directo da Argélia, mas a jogada do seu treinador, Saadane, não funcionou. Ghezzal foi expulso 14 minutos depois de entrar em campo, tornado-se o mais rápido jogador suplente a ser expulso num mundial. E Koren, médio da Eslovénia, remata de fora de área sem que alguém se opusesse, e apesar do remate ser fraco e pouco direccionado, Chaouchi dá o 2º peru do mundial. Só assim a Jabulani podia entrar, e novamente sem culpa da menina que tão maltratada foi durante este jogo!
Um golo que valeu à Eslovénia os 3 pontos. Um golo que valeu a Koren o direito a ser homem do jogo. Um golo que dá para os jornais de todos mundo esquecerem por momentos Green.
Homem do jogo: Robert KOREN