Como seria de esperar, Itália e Paraguai, conhecidas pelo rigor defensivo, protagonizaram um embate essencialmente táctico, num jogo que ficou ainda marcado pelo primeiro aparecimento da chuva. Ainda assim, a Itália, fazendo valer o estatuto de favorita, entrou de forma mais convicta e assentou o seu futebol no meio-campo adversário, atacando primordialmente pela direita, onde se encontravam Pepe, o único extremo de raiz no 433 de Lippi, e Zambrotta, o mais acutilante dos laterais italianos. Mas apesar do bom trabalho dos seus médios, a Squadra Azurra nunca conseguiu furar a bem organizada defesa do Paraguai.
Os paraguaios, estrategicamente recuados, de alguma forma desiludiam. Talvez pela ausência de Cabanas e Roque Santa Cruz, as rápidas transições ofensivas que caracterizam a selecção gaúcha não surgiam. Mas bastou um livre lateral para que, bem à italiana (foi o único remate do Paraguai enquadrado à baliza), se adiantassem no marcador através de um antigo jogador do Beira-Mar. Os centrais italianos não subiram e Buffon ficou com os pés bem presos na relva. Momento especial para Alcaraz que se estreou a marcar pela sua selecção.
Ao intervalo Buffon ficou no balneário aparentemente lesionado e a segunda parte iniciou-se com um ritmo mais elevado. Mas apesar do maior ímpeto inicial, a pressão italiana não suscitou oportunidades e até parecia ceder espaços aos contra-ataques sul-americanos, agora com Vera a surgir mais próximo da dupla avançada. E é Vera quem acaba por estar mais perto do golo, num remate forte que passa perto do ângulo da baliza de Marchetti.
Lippi começa a mexer na equipa e lança Camoranesi, tentando dar mais criatividade e profundidade à sua equipa, mas o Paraguai adapta-se bem e em poucos minutos consegue anular o ascendente conquistado com a alteração. E só de bola parada se festeja novo golo no estádio. Na sequência de um canto, Villar borra a pintura ao tentar socar a bola com a mão esquerda e De Rossi factura para os italianos, acentuando uma tendência: dos últimos 13 golos italianos em fases finais do Mundial, 8 foram marcados através de bolas paradas.
A pressão italiana acentuou-se, já com Di Natale em campo, mas a defesa paraguaia resistiu e Villar chegou ao fim do jogo sem grandes sobressaltos.
Resultado mais que justo entre os grandes favoritos deste grupo e que, no fundo, deverá deixar satisfeitos ambos os seleccionadores, agora com embates aparentemente mais fáceis pela frente.
Homem do Jogo: 21 Antolin ALCARAZ