Neste segundo dia dos jogos da última jornada da fase de grupos, iremos descobrir quais as equipas que passam à fase seguinte dos grupos C e D. Nestes dois grupos ainda tudo é possível, embora a Austrália precise de uma combinação de resultados, quase milagrosa.
Será que os argelinos irão finalmente aparecer neste campeonato? (EUA - Argélia; 15:00; Estádio Loftus Versfeld)
Essa é a grande espectativa dos amantes de futebol.
Para este encontro ser realmente emocionante será necessário a Argélia de Halliche, Yedba, Belhajd, Ziani e Djebbour, apareça neste mundial. Algo que tem faltado. Não é devido a questões tácticas que o técnico argelino Rabah Saadane, o único seleccionador africano neste mundial, tem tido um percurso algo tímido. Aliás, o seu 4-2-3-1, que se desdobrou defensivamente de forma eficaz frente à poderosa Inglaterra, tem sido muito elogiado pela imprensa da especialidade. Contudo, falta qualquer coisa aos homens lá na frente. Por vezes é o tempo que demoram a decidir as jogadas, outras é o excesso de individualismo. Falta também alguma inteligência e criatividade a meio-campo. Mas, existe qualidade para fazer frente aos americanos e quiçá darem uma alegria ao mundo mulçumano, como deram frente aos "cruzados" ingleses.
Do lado americano, a turma de Braddley, penso que arranjou a fórmula de melhor expressar o seu futebol. Descobriu-o naquela 2ª parte espectacular frente à Eslovénia. Adu como pivot defensivo, o filho Bradley como interior ou direito ou esquerdo, acompanhado por Feilhaber, com dois falsos extremos como Donovan e Dempsey a servirem o ponta-de-lança explosivo Altidore. A equipa poderá facilmente desmultiplicar-se num 4-1-2-1-2, ou 4-3-3 ou até 4-5-1. Precisa, tal como a Argélia, de acertar o passe no último terço do terreno e rematar. Findley embora possua uma velocidade estonteante, carece de poder de controlo sobre o esférico, pelo que invariavelmente perde a bola. Talvez é o que tem acusado mais a pressão de jogar num mundial. Daí que não o tenha escolhido. Sinceramente, antevejo que, mais cedo do que podemos imaginar, os EUA irão estar entre as melhores selecções do mundo daqui a algum tempo. Tem potencial humano para isso.
Prognósticos da "Jabu": o empate não serve a ninguém! Tanto os EUA, como a Argélia irão procurar vencer os seus jogos. De qualquer maneira, penso que os EUA estão mais dependentes de si do que a selecção africana. Para além disso os americanos têm algo que ainda não vi nos argelinos: capacidade de luta face à adversidade. Por isso, deverão ser os americanos a vencerem o encontro.
Classe contra a força bruta... (Eslovénia - Inglaterra; 15:00; Estádio Porth Elizabeth)
Assim poderia classificar este encontro importantíssimo.
A Eslovénia tem sido uma das melhores surpresas deste campeonato do mundo. É uma selecção que à primeira vista ninguém diria que são muito fortes tecnicamente, mas que todos afirmariam que o seriam fisicamente. Frente aos americanos fiquei com a convicção de que a Eslovénia não consegue jogar 90 minutos num ritmo muito elevado. Para ser justo, são poucas as selecções que tenho visto jogarem a um ritmo alto... De qualquer maneira este poderá ser um problema que o seu seleccionador deverá tratar. Matjaz Kek, deverá também corrigir um problema: o tempo que demora a efectuar substituições na sua equipa. Escrevo isto, porque penso que no encontro com os americanos demorou muito a fazer alterações, quando claramente havia jogadores já com os "bofes de fora". No entanto, devemos elogiar esta equipa, que num 4-3-3 (4-2-3-1) e 4-4-2, tem em Brecko, Koren, Birsa, Ljubijankic e Novakovic, os seus principais intérpretes. Ah! E sem esquecer o seu grande guarda-redes: Handanovic.
Já a Inglaterra tem sido uma das selecções decepcionantes deste campeonato do mundo. Depois de um apuramento "limpinho", o mundo estava à espera de uma poderosa Inglaterra. Com todos aqueles nomes, não pode haver muitas desculpas para que não esteja a funcionar. É certo, que em termos defensivos, Capello perdeu Rio Ferdinand e o seu substituto natural Ledley King. Mas, o experiente Carragher, tem vindo a subir de forma e não é por este sector que as performances dos britânicos sejam más. O problema talvez prendeu-se com a ausência de um Barry ao nível do apuramento. De facto, pouca gente refere esse jogador. Talvez dos jogadores mais "underated" das ilhas britânicas, mas concerteza dos mais importantes. É uma autêntica formiga no meio-campo, que faz todas as posições do centro e da esquerda, quer seja à frente ou atrás. Com o seu regresso, Inglaterra ganha outro folgo e entrosamento a meio-campo, que lhe permite a fluidez que tanto exigiamos. Uma questão neste encontro é verificar se Fábio Capello irá continuar a apostar no 4-4-2 linear, ou se irá modificar para um 4-3-3 (Defoe ou Joe Cole com Lennon nas alas, com Rooney a avançado) ou até num 4-1-2-1-2 como já foi debatido aqui no forúm.
Prognósticos da "Jabu": atendendo à pouca experiência nestes palcos da Eslovénia, penso que tanto os jogadores como o seleccionador irão sentir a pressão. Em sentido inverso, os ingleses irão aumentar e de que maneira o ritmo do encontro e tentaram resolver cedo. Mas, a Eslovénia tem a faca e o queijo na mão, pois um empate frente à Inglaterra apura os Eslovenos, independentemente do resultado do outro encontro. Será que a Eslovénia irá ter estofo? Eu penso que não terá o suficiente, mas serei o primeiro a esboçar um sorriso se estes me surpreenderem.
Será que acabará o jogo com onze dentro de campo? (Austrália - Sérvia; 19:30; Estádio Mbombela)
Bem, olhando para a tabela classificativa, a Austrália tem ainda hipóteses de passar à próxima fase, mas para isso tinha de golear a equipa da Sérvia, uma das mais fortes a defender no velho continente e fazer algumas contas face ao resultado do outro jogo do grupo. Quanto à Sérvia, embora mais dependente de si, está igualmente dependente do resultado do outro jogo.
Na equipa dos "socceroos", o seu técnico irá ter algumas dificuldades em motivar a sua equipa, que estará privada de um dos seus melhores jogadores, Kewell, após expulsão no último encontro. O facto de apenas com uma combinação milagrosa de resultados e uma exibição de altíssimo nível frente à Sérvia, poderia lançar a equipa australiana para a próxima fase, também não é por si só lá muito motivador. Contudo, é desafiante! Será essa a palavra-chave que o seleccionador Pim Verbeek deverá usar na palestra que antecede o jogo. A táctica será idêntica à utilizada até aqui: um 4-2-3-1 que se transforma em 4-5-1 quando defensivamente. As referências são as mesmas de sempre: Schwarzer, Breciano, Cahill, Emerton, Cullina e Kennedy. Veremos se conseguem fazer história. Não têm nada a perder!
Do ponto de vista Sérvio, uma derrota do Gana por valores superiores a um golo, faz com que a equipa caucasa possa até empatar frente à Austrália. Mas, isso obriga a muito ouvido noutro jogo e muito cálculo na calculadora. O mais correcto é entrar com confiança e o talento que possui e fazer o seu próprio resultado. Os comandados do experiente Radomir Antic, jogam em 4-3-3, com o gigante de 2 metros de altura Zigic lá na frente. Na ala direita, está o virtuoso Krasic. No meio-campo, nomes como Stankovic, Kuzmanovic e o jovem Kacar, são sinónimo de qualidade. Mas, o que faz bem a diferença será a sua defesa. A começar pelo guarda-redes Stoijkovic, único a ter defendido um penaltie neste mundial. Continuando com dois defesas laterais muito completos como Ivanovic e Kolarov. E, a terminar com o capitão, o "exterminador" Nemaja Vidic.
Prognósticos da "Jabu": vitória da Sérvia, embora anteveja bastante luta dos australianos.
Será daqui que virá a maior surpresa de todo o campeonato do mundo?(Gana - Alemanha; 19:30; Estádio Soccer City)
O mundial tem sido mau para a generalidade das equipas africanas, mas o Gana tem aqui a hipótese de fazer história. Certamente que no estádio Soccer City, não lhe faltará apoio. Está também em jogo, não só uma vitória sobre os poderosos germânicos e a passagem à próxima fase, mas também serem os responsáveis por uma possível eliminação germânica na prova e nem precisam de vencer este encontro...
A equipa ganesa, comandada pelo sérvio Milovan Rajevac, joga um futebol inteligentíssimo. Fisicamente, a equipa africana é poderosa. Tecnicamente, o seu poder está nos seus médios e na linha da frente, onde nomes como Appiah, Boateng, Prince, Muntari, Asamoah, Gyan, são sempre de ter em conta. Por momentos, até nos esquecemos que ficou em casa um tal de Essien. Tacticamente, o trabalho do sérvio tem sido dos melhores neste mundial. A forma como montou a equipa está ao nível de um fato por medida feito por um alfaiate. O 4-2-3-1 espelha bem o que de melhor a equipa tem. Frente à Alemanha, com um empate ser mais do que suficiente para o apuramento do Gana, os africanos poderão conceder o jogo aos europeus e espreitar como mais gostam o contra-ataque.
Quanto aos alemães, a "manschaft" liderada por Joachim Low, é uma equipa igualmente bem construída. A meu ver tem 3 desvantagens para este encontro:
i) Só a vitória assegura de forma inequívoca a passagem à próxima fase, o que terá que correr o risco do jogo, pois o Gana o empate o satisfaz;
ii) É uma equipa muito nova e de certa forma inexperiente, por exemplo, para Oezil, Khedira, Badstuber, Neuer e Müller é o primeiro mundial que jogam;
iii) Não pode contar com o seu experiente goleador Klose e com dificuldades de entrosamento com os restantes companheiros e interpretação do modelo de jogo ofensivo, por parte de Gomez e Cacau.
Será que Low vai manter o 4-2-3-1, ou vai entender que Gomez precisa de um esquema diferente para poder explanar melhor o seu futebol? Se sim, qual?
Mas, já sabem como é a Alemanha... não podemos nunca deixá-los de fora, pois quando menos se espera eles estão lá sempre. Por isso, o Gana terá que estar com a "gana" toda para conseguir esse feito histórico. Se o conseguir, reflectirá todo o desenvolvimento futebolístico africano nas últimas décadas.
Prognóstico da "Jabu": perspectiva-se um grande jogo de futebol, não fosse este realizado num dos imponentes e mais bonitos estádios deste mundial. Que haja muitos golos e muitas surpresas. Gostaria de ver o Gana na próxima fase e penso que seria muito positivo para o evento tal suceder. Mas, para isso têm de demonstrar em campo, como aliás têm vindo a demonstrar.
PP
PS: Como habitual, qual é o "jogador-gralha" do texto? Já agora, haverá mais algum jogador germânico dos 23 na África do Sul que não tenha sido mencionado acima e que seja a primeira vez que esteja a participar num mundial? Ah! Sabem-me dizer qual é o jogador que amanhã irá defrontar o país do qual possui raízes familiares? Será o único nestas situações?