Mais um excelente "post" táctico, contudo...
... contudo, gostaria de discutir duas coisas pelo menos:
1 - A questão dos defesas laterais e da dificuldade de existirem defesas com capacidade atacante e ao mesmo tempo com capacidade para jogarem como centrais. Neste caso, tanto van der Wiel, como Gio, não são dos melhores, não é?
No futebol moderno, vejo pelo menos dois jogadores com essas capacidades, ambos da eliminada Sérvia: Ivanovic e Kolarov. Estes dois conseguem fechar bem o centro, quando o médio defensivo/central vai para o meio-campo.
2 - Isto do futebol total tem muito que se lhe diga...
Por exemplo, no primeiro ponto acabo por ter que fazer um perfil de lateral que pode não corresponder à maioria ou encaixar neste modelo de "futebol total" holandês.
Eu sei que o autor quando escreves "futebol total", não se referes apenas, ao facto de ser um 3-4-3 holandês, mas sim à dinâmica do carrossel total. Escrevo isto, mais para quem possa não fazer essa distinção por vezes subtil mas muito importante. Por exemplo, o 4-3-3 típico, pode funcionar como "futebol total", aliás é talvez a táctica que melhor ensina os princípios básicos do futebol aos jovens, daí ser tão largamente usada. Não acho que seja a que melhor distribui os jogadores em campo, pois depende das características destes em conjunto. Mas, penso que seja a melhor em termos de ensinar o que devem ser as funções de cada um no terreno, para além de poder facilmente adaptar-se ao maior número de características diferentes dos jogadores. Do 4-3-3, dependendo de um ou outro jogador, e suas características, facilmente passa-se para um 4-4-2, ou para um 3-4-3 ou até para um 5-3-2. Dependerá da dinâmica.
O próprio 4-4-2 poderá funcionar como "futebol total", o 4-1-2-1-2, a mesma coisa e por aí fora.
O factor predominante para produzir futebol total é o entrosamento entre jogadores e as suas características. Não é à toa que o núcleo duro do futebol bonito do Barça têm pelo menos 3 épocas juntos. Não é à toa que o mesmo aconteceu com a Holanda de Cruyif ou com a "geração de ouro" nacional.
Cabe ao treinador é saber juntar as peças, para que a equipa tenha armas para todo o tipo de cenários que poderá encontrar em campo.
PS: o Hunterlaar não merece um lugar no onze titular da "clementina"? Ah! De Jong a baixar para central... não me cheira a que desse bom resultado. O Heitinga já chegou a jogar nessa posição não foi? Não sei se com bons resultados... Quem cairia que nem uma luva aí seria o Miguel Veloso...
PP a 28 de Junho de 2010 às 13:32
PP,
Obrigado pelo comentário.
Quanto à questão dos laterais, a escolha tem de ser feita. Duas hipóteses: ou o treinador optaria por defesas (direito/esquerdo), com capacidade para fechar ao centro; ou a solução passaria por 'abrir' a defesa com defesas laterais. Por exemplo, quando falamos em 3 defesas, uma coisa é serem 3 centrais e outra, diametralmente oposta, é estarem juntos 3 defesas (um central e 2 laterais). O Barcelona de Cruyff jogava com laterais: Ferrer, na direita; Sergi, na esquerda...
Em relação ao 'futebol total', qualquer sistema, desde que bem adaptado às características dos jogadores e bem implementado um modelo de «jogo», pode funcionar. Pouco importa se é 3x4x3, 4x3x3, ou 5x4x1. Lá está a dinâmica. Mas, o artigo refere-se à Holanda e à sua tradição nestes sistemas 'largos' e bem orientados para o golo e para o espectáculo.
Abraço.
stadium a 28 de Junho de 2010 às 13:40
Sim, mas tinha um Popescu que não era um De Jong... a minha dúvida quanto a esta Holanda (a que esquematizaste) está na capacidade de De Jong complementar bem o central.
Para além disso, não te esqueças que o Barça de Cruiyf, por muito bem que jogasse não conseguiu ganhar aquela champions ao Milan de Capello... pelo que também tinha os seus problemas e não era assim tão equilibrada como muitos pretendiam fazer querer.
Eu percebi que estavas a escrever sobre esta holanda, apenas quis salientar a questão da dinâmica, pois acho ela, o entrosamento entre atletas e a heterogénea mistura complementar entre eles, o que faz com que o futebol acabe por ser "total".
Sobre a actual Holanda, penso que era capaz de expressar melhor num 4-3-3 com o triângulo de meio-campo invertido, i.e., com um médio defensivo (van Bommel ou De Jong), um Sneidjer(De Zeeuw) e um van der Vaart (Affelay) a funcionarem juntos ora como médios de transição ora como organizadores, dois laterais ofensivos (van der Wiel e Gio) dois falsos extremos nas alas (Kuyt, van Persie, Robben e Elia, tanto faz) e um avançado centro (Hunterlaar, Kuyt ou mesmo van Persie).
Eu gostava de experimentar esse esquema de jogo. É que van der Vaart tem sido um pouco queimado neste esquema. Outra opção é um 4-1-2-1-2. Enfim, eles têm jogadores para tudo.
Acontece que depois temos de pensar nas possíveis substituições, que podem não estar familiarizados ora com o 3-4-3 ora, com o 4-1-2-1-2, ora com 4-4-2, pois o seu seleccionador tem treinado apenas o 4-2-3-1. Penso que para modificação de última hora, a do 4-3-3 (médio defensivo) seria mais fácil de ser absorvida.
E já agora, conseguirias colocar Portugal a jogar em 3-4-3 à holandesa?
PP a 28 de Junho de 2010 às 14:18
PP,
A esta altura, é claro que não será expectável grandes alterações em termos de sistema táctico: a equipa foi preparada (treinada) para jogar no 4x2x3x1, pelo que eventuais modificações só no sentido de um 4x3x3 (só com 1 pivot), como bem escreveste.
A questão não é essa. Trata-se, meramente, de um exercício teórico de mexer nas 'peças' disponíveis (esquece o Popescu, ou outros) e perceber o porquê de Marwijk ter rejeitado alguns princípios de «jogo» e um esquema tão típico da escola holandesa. Porquê esta opção táctica?
Quanto à selecção portuguesa, a resposta é afirmativa, em termos conceptuais, ou seja, apenas no plano teórico. Aqui fica um exemplo: 3x Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Miguel Veloso; 4x Pepe (n.º 6), Tiago, Raul Meireles e Deco; 3 Simão, Cristino Ronaldo e Liedson (ou Hugo Almeida). Na defesa é que existem mais dúvidas...
stadium a 28 de Junho de 2010 às 15:05