A (má) convivência de van der Vaart com Sneijder no onze de Bert van Marwijk. Tem sido tema, o esquerdino com funções, no papel, de usar a linha lateral direita a seu bel-prazer tem dificuldades em aí actuar e tende a descair para o meio. Ora essa é a zona de influência, no papel e no jogo real, de Wesley Sneijder. O Mundial dos sacrificados? Já me referi a Steven Gerrard, na Eslováquia Hamsik é a vítima da táctica e na selecção holandesa existem os exemplos van der Vaart e van Persie. Tacticamente, a questão neerlandesa foi confirmada e resolvida hoje com a titularidade do homem de cristal. Os eslovacos apareceram de cara igual a anteriores encontros, sem novidades tácticas de assinalar e uma atitude conservadora que face às suas armas não poderia ser outra com um Hamsik recuadíssimo e Vittek desamparado lá à frente.
A Holanda normal. Bola do guarda redes para um pivot que normalmente é van Bommel, escolha de flanco e apoio dos defesas esquerdo e direito na ala, troca-troca-troca até aos pés de Robben ou Kuyt de onde se tenta alcançar a área em movimentos sempre muito seguros. O risco só nos pés de Robben ou nas decisões não raramente estapafúrdias de van Persie. Mas não foi assim que nasceu o golo aos 17 minutos. Num lançamento lateral favorável aos eslovacos e já no último terço holandês, a recuperação de Mathijsen desencadeou um passe longo e cheio de classe de Sneijder para Robben que só teve de utilizar o seu movimento clássico e rematar sem hipóteses para Mucha, tapado que estava por Durica. Corolário da incapacidade eslovaca em sair com a bola jogável, em ocupar o meio-campo holandês.
Agrada observar o que o onze (de um a onze no papel!) da Oranje desenvolve em campo. Não é mecânico e frio, não arrisca mas expõe as fragilidades adversárias com a força de quem tem a bola e quer ter a bola. Por outro lado, é um pesar ter em Hamsik o elemento que com Kucka actua como pivot defensivo, uma amarra. Só aos 66 minutos, o jogador do Nápoles conseguiu acercar-se da área holandesa e com afazeres para Stekelenburg. Continuava pouco afoita a Eslováquia e bastante tranquila a Holanda, por vezes demasiado relaxada mas sem perder o controlo da bola o que equivale por dizer sem perca de domínio do jogo. O segundo golo apareceu, livre marcado de forma rápida e aqui o destaque vai para a desmarcação de Kuyt. Saíu do seu habitat na ala direita para rasgar para esquerda onde assistiu Sneijder num golo fácil. Ainda se viu um golo no último suspiro do jogo, Vittek pois claro no seu quarto golo mundialista.
A Holanda saiu de Durban com a etiqueta de candidato à final e há-de ter silenciado detractores. Tem futebol, tem jogadores e tem motivação.
Melhor em Campo: 10 Wesley SNEIJDER