Terça-feira, 29 DE Junho 2010

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Espanha, próximo adversário de Portugal nos oitavos-de-final. Nas linhas seguintes, analisaremos os prós & contras de ‘La Roja’ e qual a abordagem estratégica que a selecção nacional deverá optimizar. Antes, recuemos até 2008, quando a Espanha sagrou-se campeã europeia.

Na altura, durante a fase de grupos e quartos-de-final, Luis Aragonés era apologista de um 4x1x3x2, com Senna pivot (defensivo), um trio formado por David Silva (esquerda), Iniesta (direita) e Xavi (ao centro), ficando Torres e David Villa na frente de ataque. A partir dos quartos-de-final, com a lesão do avançado do Valência, a equipa mudou para um elástico 4x1x4x1, imagem de marca da selecção espanhola. Recordo o onze-base na final contra a Alemanha: Casillas, Sergio Ramos, Puyol, Marchena e Capdevila; Senna, Iniesta, Xavi, Fàbregas e David Silva; na frente, Torres. Dois anos passaram, mas desta equipa para a actual (que jogou diante do Chile), apenas mudaram 4 caras: Piqué em vez de Marchena, Busquets por Senna, Xabi Alonso em vez de Fàbregas e David Villa por Silva. Portanto, salvo uma ou outra alteração pontual, esta geração de jogadores pode continuar a fazer história.

Curiosamente, o seleccionador Del Bosque começou a competição de forma semelhante à final do Euro 2008, ou seja, com a equipa disposta em 4x1x4x1. De então para cá, as únicas novidades prendem-se com o seguinte: opção por Xabi Alonso, em detrimento de Fàbregas e saídas de Marchena e Senna, com entrada directa de Piqué e Busquets, respectivamente. Porém, a derrota com a Suiça alterou os planos e houve como que uma espécie de regresso ao passado, com a aposta em Torres. A Espanha precisava de maior poder de fogo, ficando David Villa inclinado na esquerda (diagonais interiores) e Jesús Navas (vs Honduras) ou Iniesta (vs Chile) com responsabilidade no corredor contrário. Presentemente, ‘La Roja’ actua num 4x3x3, com meio-campo em «1x2» quando em posse de bola, mas também desenha um 4x1x4x1 em organização defensiva, recuando os extremos para zonas mais atrasadas.

O retrato (táctico) do antes e depois está feito. Porém, em termos de futebol desenvolvido existem algumas diferenças. Em 2008, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais. No presente, a escolha por determinados jogadores tem bloqueado a fluidez nos movimentos de transição e circulação de bola. Razões para tal? O espaço entre-linhas nem sempre é bem preenchido, pois Del Bosque tem demorado a encontrar os homens certos para os lugares de meio-campo: Busquets, Xabi Alonso e Xavi parecem intocáveis, mas também já jogaram Jesús Navas, Iniesta, Fàbregas e David Silva. Creio que o equilíbrio ainda não foi encontrado, pois Busquets e Xabi Alonso são médios de contenção e Iniesta e Fàbregas, por exemplo, têm outros argumentos (qualidade de passe em ruptura) ofensivos. Vejamos, agora, quais os prós & contras da actual selecção espanhola.

1. Pontos fortes

A principal mais-valia prende-se com a qualidade individual dos elementos, todos eles jogadores em equipas de topo como o Barcelona, o Real de Madrid, o Valência, o Arsenal (Fàbregas) e o Liverpool (Torres). Por outro lado, a espinha-dorsal mantém-se e o onze-base tem vindo a ser construído sem grandes oscilações, pelo que os princípios de jogo encontram-se bem definidos e assimilados por todos. Em termos estratégicos, existe o lado colectivo (vários ‘arquitectos’ de um futebol baseado em passe - recepção - desmarcação) e o lado individual, com o avançado David Villa a assumir-se como a ‘peça’ mais temível: 3 golos marcados até ao momento. Observando a imagem, verificamos que a nova contratação do Barcelona parte da esquerda, desenvolvendo diagonais interiores para dentro da grande área adversária. Ora, é precisamente desse lado que Portugal apresenta maiores vulnerabilidades, tendo já actuado 3 jogadores na lateral direita: Paulo Ferreira (vs Costa do Marfim), Miguel (vs Coreia do Norte) e Ricardo Costa (vs Brasil). Qual será a melhor solução para travar David Villa?

2. Pontos fracos

Nem sempre visíveis, todas as equipas (selecções) aparentam uma ou outra debilidade. Cada fraqueza pode estar associada a um aspecto específico, como dificuldade nos lances de bola parada, por exemplo. Depois, existem pontos nevrálgicos (corredores) mais sujeitos às investidas contrárias. No caso espanhol, o eixo central composto pelo trio do Barcelona Piqué - Puyol - e Busquets, reúne mecanismos de entrosamento que garantem grande fiabilidade defensiva. Por sua vez, o corredor direito, com Sergio Ramos, apresenta maior consistência do que a faixa contrária, onde Capdevilla já não tem a destreza física do passado. Assim, talvez a melhor forma de derrubar o ‘muro’ espanhol seja colocar Cristiano Ronaldo bem inclinado do lado direito do ataque português, de forma a explorar os 32 anos do defesa do Villarreal. Quem sabe se não estaria nesse duelo 1v1 a chave para o sucesso dos oitavos-de-final.

3. Que estratégia para Portugal?

Com uma margem de erro reduzida, Del Bosque irá apresentar o prevísivel onze titular: Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Puyol e Capdevila; Busquets, Iniesta, Xavi, Javi Martínez ou Fàbregas e David Villa; por fim, Torres como homem mais avançado. Creio que Portugal teria a ganhar em jogar num 4x4x2 losango, com o seguinte onze-base: Eduardo, Ricardo Costa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Pedro Mendes (n.º 6), Tiago (meia-direita), Raul Meireles (meia-esquerda), Deco (n.º 10); Cristiano Ronaldo (solto na meia-direita) e Liedson. Porquê estas opções? De forma muito sucinta: (i) Ricardo Costa porque o defesa já contratado pelo Valência é, de longe, o que se encontra melhor preparado (física e mentalmente) para travar as diagonais de David Villa; (ii) 4x4x2 losango porque o meio-campo espanhol conta com jogadores de grande qualidade técnica (posse de bola) que necessita de ser travado, impedindo a superioridade numérica do adversário; (iii) Cristiano Ronaldo solto na frente de ataque, ao invés de estar ‘colado’ a uma ala, de forma a retirar o melhor aproveitamento do seu talento ofensivo; e, (iv) Liedson porque trata-se de um avançado mais complicado de marcar, para além de ser muito útil na transição defensiva e na hora de pressionar, por exemplo, as saídas de bola de Piqué. Esta seria a estratégia inicial. No decorrer do jogo, consoante as circunstâncias do mesmo (e o desenrolar do resultado), uma das soluções possíveis passaria pela entrada de Simão, uma espécie de ‘joker’ preparado para transmitir maior atrevimento atacante. Comentários?

publicado por stadium às 11:56
Mais um excelente "post" Catenaccio, muito embora não concorde com a filosofia que desejas para Portugal esta noite.

Já tive oportunidade de dizer porquê na resposta que te dei no meu "post". De qualquer maneira, o que me aflige é que estamos a pensar em como vamos defender da Espanha, e não estamos a pensar em como vamos causar-lhes estragos.

Se é certo que o lado esquerdo da Espanha tem um senhor chamado Villa, também devemos verificar que por detrás deste, há um rapaz chamado Capdevilla que aparenta ser o elo mais fraco da Espanha. Ora, colocar aí o CR7 é uma excelente ideia, mas não devemos deixá-lo sózinho sem apoio da lateral. Com Ricardo Costa, CR7 não tem apoio. Com Paulo Ferreira, fica no vai ou não vai. Com Miguel... acho que podemos chegar lá. É que se Capdevilla é um "coxo", Puyol está logo alí ao lado. E este posicionamento não é à toa. É que CR7 passa pelo Capdevilla, mas depois apanha com o Puyol pela frente ou com o médio defensivo que vem à dobra. São 2 ou 3 contra 1. Com Miguel, já poderemos ter um duelo mais justo.
PP a 29 de Junho de 2010 às 14:22
Sim, certo. Mas, não te esqueças que apesar de não ter o apoio do lateral desse lado (direito), poderia contar com o envolvimento de Tiago (Meireles mais inclinado na meia-esquerda) e, ainda, da aproximação de Deco, em virtude de se tratar de um 4x4x2 losango.

A única dúvida prende-se com a questão física do luso-brasileiro, poque o jogador do Chelsea poderia ser muito útil nos apoios perto dos corredores laterais e na qualidade em efectuar passes de ruptura nas costas dos defesas.
stadium a 29 de Junho de 2010 às 14:27
Mas catenaccio,

Isso assim é metermos na "boca do lobo". É que o desenvolvimento do ataque não deve ser feito pela centro do campo, mas sim explorar o elo mais fraco do flanco esquerdo da defesa espanhola.

É que pelo centro vamos ter, Busquets que defende bem, sabe matar a jogada no sítio certo para não receber amarelos e sabe enervar o adversário, Xabi Alonso, que também é muito forte defensivamente, Xavi idem aspas aspas e até Silva ou Iniesta.

Não entendo esse receio todo do Villa. Estás a pensar em ceder o controlo do jogo à Espanha?

É que eu não!
PP a 29 de Junho de 2010 às 14:39
PP,

Lá por ser um 4x4x2 losango não quer dizer que a equipa não se liberte em termos de 'campo grande', em largura. Decididamente, nesta partida, não optaria pela subida/envolvimento dos laterais: preferia um quarteto mais posicional, semelhante ao que a Argentina tem feito (Heinze, Burdisso, Demichelis e Otamendi são como que 4 centrais). Ainda por cima, sabendo que Fábio Coentrão em boa forma física e mental, convém resguardar o outro lado para que estejam sempre presentes 3 defesas.

Por outro lado, até estou em crer que Simão possa jogar, mas não num 4x3x3 "all day long", ou seja, acredito que sem bola o Simão venha ocupar o espaço de n.º 10, estreitando o meio-campo onde a Espanha é forte e, no momento de posse, ou organização atacante, o Simão possa cair numa ala.

Como achas que CQ irá jogar?
stadium a 29 de Junho de 2010 às 14:45
Catenaccio,

A minha aposta era aquele onze, e era para vencer. Tentaria ganhar a posse de bola na luta pelo meio-campo à Espanha, pois penso que embora estejam muitos jogadores do Barcelona, não são nem de perto tão perigosos como o Barça.

Simão, jogaria sim alternando da linha para o centro e vice-versa. Em prática num segundo vias Portugal a jogar em 4-3-3, noutro já os verias em 4-1-2-1-2.

Ao contrário da Argentina, nenhum dos nossos médios interiores tem aquela capacidade de ir buscar a linha. Daí eu utilizar dois laterais ofensivos.

É preciso dar trabalho à Espanha a meio-campo e na sua defesa, para forçar o passe errado e o tal mau entrosamento.

Como irá o CQ jogar? Provavelmente como tu escreveste e será um erro, pois dificilmente o nosso ataque irá funcionar (não funcionou contra a Costa do Marfim, nem com o Brasil, porque iria funcionar agora, no jogo mais difícil?), e o ataque espanhol troca muito melhor a bola do que o marfinense e o brasileiro, que são equipas de transição rápidas, logo iremos estar a jogar o jogo dos espanhois e será uma questão de tempo... e eles são muito pacientes...
PP a 29 de Junho de 2010 às 15:01

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