A um jogo da final... (Parte I)
(Uruguai - Holanda; 19:30; Estádio Green Point)
"A arte de bem defender contra a arte de bem atacar", bem que este poderia ser um slogan para atiçar este verdadeiro encontro de candidatos ao título mundial.
De um lado a celeste, que defende como pode, inclusivé com a "mano de Deus" versão uruguaia, não é Suarez? No entanto, embora a sua defesa tem sido o seu abono de família nesta comptição, o Uruguai entra para este encontro com enormes pontos de interrogação sobre qual será a defesa titular. Fucile encontra-se castigado. Os Diego's Godin e Lugano, estão a recuperar de lesões e são incógnitas. Por seu turno, Victorino e Scotti são os únicos que estão sem problemas. O defesa polivalente Caceres, deverá ocupar a vaga de Fucile. Por outro lado, Tabarez, poderá fazer recuar Alvaro Pereira para a lateral esquerda, mas com Robben um esquerdino sobre o flanco direito, deverá optar por um destro como o agora jogador da Juventus. Quem tem lugar cativo na defesa é o guarda-redes Muslera, e, de certa forma, a revelação na lateral direita, Maxi Pereira. No meio-campo, Diego Perez e Arevalo serão titulares indiscutíveis. A vaga sobre a esquerda deverá ser concedida a Alvaro Pereira, mas se as coisas azedarem para o lado uruguaio, certamente que entrará Lodeiro, a jovem promessa uruguaia. A finalizar o meio-campo, se bem que muitos o considerem igualmente um avançado, pelo que é o elemento que dá a tal hibridez ao conjunto celeste, está o "10" Forlan. Sem Suarez, castigado pela excelente defesa frente ao Gana, o ataque será entregue a um Cavani de passada larga e corpo fino como um pássaro sobre o lado direito e a um "el loco" Abreu mais fixo lá na frente, se bem que como esquerdino possa dar alguma largura à esquerda. Esta disposição atacante é apenas tida em conta se o Uruguai jogar na toada normal de contra-ataque. Por outro lado, em ataque mais continuado, os avançados poderão jogar da lateral para o centro, em busca dos seus melhores pés, beneficiando de combinações com o Forlan que tem como missão ligar de forma mais airosa o meio-campo com o ataque.
Sendo assim, as grandes questões que poderemos ter acerca do Uruguai são:
i) Até que ponto a defesa irá-se reflectir das ausências dos cois centrais titulares?
ii) Até que ponto o ataque irá funcionar sem um jogador tão móvel e importante como Suarez?
iii) Até que ponto o impacto de ter jogado 120 minutos intensivos contra um Gana, mais os penalties, e sem um jogador, poderá ter fisicamente frente a uma "clementina" bem mais fresquinha?
Do outro lado a "clementina laranja", que ataca como pode, inclusivé muito à custa de um mágico, não é Robben? Realmente, esta Holanda, embora esteja a triunfar e embora consiga ser a única equipa a dar a volta a um resultado durante os 90 minutos de jogo, ao longo do mundial, ainda não me convenceu relativamente ao sumo do seu ataque. Vive muito à custa a inspiração de Robben no ataque. Penso que com van Persie, Kuyt e Hunterlaar, o técnico van Marwijk pode gerir bem o seu mágico de "cristal". As suas grandes preocupações encontra-se na defesa, com a saída por lesão de Mathijsen (que frente ao Brasil nem se notou a sua ausência tal a qualidade exibicional do seu substituto, Ooijer) e o castigo do lateral direito van der Wiel. Quem deverá substituir este último será o Boulahrouz. De facto, se as coisas forem saindo bem para a Holanda, nem são capazes de verificar grande diferença neste sector direito, pois em situações normais, uma das grandes diferenças desta selecção holandesa, quando comparada com outras de outros mundiais, é que os laterais ficam muito presos defensivamente. Agora, e se as coisas correrem mal?
No meio-campo, De Jong está igualmente castigado. Isto leva a que o técnico holandês possa ter uma de quatro soluções, entre as quais duas são ofensivas e as outras duas são mais defensivas. Para o cenário mais defensivo e que vai de encontro ao que tem utilizado, De Zeeuw ou Schaars são a solução. Para o cenário mais ofensivo, a aposta recai ou em van der Vaart ou em Afellay. Este último, também poderá jogar ou a avançado ou a falso-ala, de melhor forma que o jogador do Real Madrid.
Sendo assim, as grandes questões que poderemos ter acerca da Holanda são:
i) Até que ponto o Boulahrouz vai desempenhar um papel defensivo eficaz, frente a Cavani, Abreu, Forlan, mais Alvaro Pereira?
ii) Até que ponto será justificável utilizar o Robben de início frente a uma defesa que marca tão em cima, como a uruguaia, correndo o risco de lesão do homem de cristal? Que tal apostar-se em Hunterlaar para a posição de van Persie e colocar este numa das alas?
iii) Até que ponto é que o técnico holandês vai continuar a apostar num duplo pivot defensivo quando muito provavelmente com van der Vaart, van Bommel e Sneijder, a dimensão e qualidade técnica do meio-campo holandês poderia suplantar o músculado meio-campo uruguaio?
Prognóstico da "Jabu": muito provavelmente, será pelo lado esquerdo do ataque uruguaio (ou lado direito da defesa holandesa) que este poderá explorar a falta de ritmo de Boulahrouz. Por outro lado, será pelo lado esquerdo da defesa uruguaia (ou lado direito do ataque holandês), que Robben e companhia poderão conseguir passar a muralha chamada Caceres ou Alvaro Pereira. Escrevo este cenário tendo em conta que ambos os treinadores não irão abandonar as suas duplas de meio-campistas mais defensivos. Muito provavelmente, em caso de desvantagem de uma das partes, será através do desfazer de uma dessas duplas a receita para recuperar no jogo. Essa e as apostas nas alas, para o caso holandês, e na subida de Forlan no terreno, para o caso uruguaio.
Destaques do jogo: Forlan e Robben... quem mais?
PP
PS: Qual o jogador uruguaio que se encontra no mundial e já representou um clube do meio da tabela no campeonato nacional? Quem será o jogador do encontro? Será uma das estrelas? Ou será que iremos assistir ao nascimento de uma nova estrela?