Dizia eu na jornada inaugural deste Campeonato do Mundo que dava pena ver uma dupla como esta composta por Diego Forlan e Luis Suarez ser tão mal apoiada. Pois o tarimbado Oscar Tabarez resolveu o problema com mestria. No primeiro jogo percebera-se que não podia contar com o apático Gonzalez e Lodeiro fez questão de se ausentar das opções. Assim, se Forlan já se assumia como pivot do jogo, então desconexo, da selecção uruguaia, porque não entregar-lhe a batuta?
O desenrolar do jogo tratou de demonstrar que esta não foi uma opção de recurso, que Tabarez chegou efectivamente a este Mundial com um plano alternativo. Há trabalho evidente no modelo que hoje apresentou. Notou-se no entendimento entre Fucile e Álvaro Pereira - e nem se pode referir a vantagem de partilharem o mesmo clube, tão distantes que aí jogam, cada um pela sua ala -, notou-se no reposicionamento defensivo. Se Forlan jogava recuado relativamente à dupla constituída pelo goleador do Ajax e Cavani - hoje bem longe do potencial que vai revelando nos relvados da Serie A -, o mesmo não acontecia quando o adversário tomava conta da bola. À vez, Suarez e Cavani recuavam no terreno e transformavam-se em autênticos médios. Desta forma se desfazia o que no papel parecia um 433, garantindo que o meio-campo nunca fosse apanhado em inferioridade numérica.
Tabarez venceu esta batalha de decanos sul-americanos, mas em defesa de Parreira deve-se sublinhar que o naipe de jogadores à disposição raramente escapa à (ou deveria dizer "atinge a"?) mediania. Nem mesmo Piennar, um dos maiores hypes (ou deverei dizer "bluffs"?) do futebol mundial.
O Uruguai mandou sempre no jogo, chegou à vantagem com naturalidade e até merecia a ampliação antes do intervalo. Do lado sul-africano, meros fogachos, alguma intencionalidade desprovida de conteúdo futebolísitico. Na segunda parte, ainda pior. Vinte minutos sem qualquer acção meritória até que Mphela viu os centrais uruguaios desposicionados e desmarcou-se sorrateiramente nas costa de Rios, quase marcando na antecipação a Muslera. Uma injustiça que, percebeu-se depois, foi o próprio Muslera a evitar com um raspão na bola que os árbitros transformariam em pontapé de baliza. Dois minutos depois, Modise tentou o remate de meia distância, fraquinho e à figura. E por aqui se ficaram. Forlan e Suarez acabariam o seu trabalho de demolição dos sonhos sul-africanos e até Álvaro Pereira conseguiu marcar um improvável golo de cabeça.
A África do Sul perapara-se para fazer história nos Mundias de futebol. Pelos piores motivos, infelizmente.
HOMEM DO JOGO: 10 Diego FORLAN