Correndo o risco de errar na generalização, penso que a maioria dos apaixonados e conhecedores da história dos Mundiais estará satisfeito com o desfecho desta partida, mesmo que a idade não tenha permitido assistir às melhores prestações uruguaias. Mas a Celeste já teve um peso considerável nesta competição e não deixa de ser agradável vê-la regressar, 40 anos depois, aos quartos-de-final da prova. Mesmo que no jogo em apreço sobressaia uma certa injustiça.
O jogo de hoje, embora bem disputado, não chegou a atingir o nível que os primeiros minutos indiciavam. Uma bola no poste aos 4 minutos, num livre directo superiormente executado por Chu Young, e o golo de Suarez aos 8 criavam outro tipo de expectativas. Ainda assim foi um jogo bem interessante de se assistir.
O Uruguai chegou à vantagem num contra-ataque que parecia anulado pela pronta recuperação defensiva dos sul-coreanos, fazendo valer a força e a arte do seu trio atacante. Uma boa abertura de Cavani, Forlan trabalhou bem o lateral direito e centrou a baixa altura para o interior da pequena área. Estranhamente, Sung Ryong falhou a intercepção e Suarez aproveitou a distracção do defesa esquerdo para finalizar sem oposição e com a baliza deserta.
O pragmático Tabarez, sempre seguro nas suas decisões, ordenou o recuo das linhas e dificultou a vida aos sul-coreanos. Sem espaço para aplicar o seu principal trunfo, a velocidade, a Coreia do Sul teve que redefinir-se. Demorou até que conseguisse atingir a supremacia sobre o duro meio-campo da Celeste, mas acabou a primeira parte com ascendente que se manteria ao longo da segunda parte. O problema, comum no espaço geográfico em que se inserem, estava mais à frente. O futebol asiático evoluiu imensamente nos últimos anos, mas persistem os problemas de finalização. E só numa falha defensiva colectiva, agravada pela precipitação de Muslera, conseguiram chegar ao empate. Foi o primeiro golo sofrido pelo Uruguai neste Mundial.
A Coreia do Sul não perdeu o domínio das operações a meio-campo, mas se a dureza dos médios da Celeste colocam problemas na fase de construção, os avançados tratam de resolver. Bastou que a equipa subisse um pouco no terreno para que os avançados reentrassem no jogo. Suarez foi rápido a reagir, primeiro num remate colocado de ângulo difícil que obrigou Sung Ryong a aplicar-se, um minuto depois numa perdida clamorosa quando se encontrava isolado e a escassos metros da linha de golo. O avançado do Ajax não se deixou abater e cinco minutos depois sentenciou a partida com um excelente golo em remate no limite da área.
A Coreia do Sul, pelo que jogou, mereceria o prolongamento, mas o futebol não é dado a estas simpatias e o resultado acaba por espelhar o maior peso dos atacantes do Uruguai, que ficará agora à espera do desfecho entre ganeses e norte-americanos.
HOMEM DO JOGO: 9 Luis SUAREZ