ITÁLIA
A Itália chega a solo africano com a missão de defender o título e o difícil objectivo de igualar o penta do Brasil, pois nunca uma selecção europeia venceu fora do seu continente.
Apesar de muito criticado, pela excessiva rotação de jogadores no apuramento (37 utilizados em 10 jogos), mas também pelos péssimos resultados na Taça das Confederações e pelo desprezo por jogadores como Luca Toni e António Cassano, Marcelo Lippi garantiu a conquista do grupo sem qualquer derrota e a squadra azurra integra o habitual lote de favoritos. É que desde 1974 que a Itália não falha a passagem à segunda fase da competição e, desde então, ficou entre os 4 primeiros classificados em 5 ocasiões.
No entanto, apesar da presença de jogadores como Buffon, Cannavaro ou Chiellini, a habitual solidez defensiva italiana esbarra num score de 11-9 nos últimos 10 jogos. No ataque, agora sem Toni, Totti e Del Piero, depositam-se esperanças em Gillardino, que apesar de ter apenas disputado 5 jogos do apuramento (4 a titular), foi o melhor marcador dos italianos com 4 golos.
Jogador chave: Daniele de Rossi - Num equipa em que as principais referências se foram ou se encontram em notória quebra, o jogador da Roma pode assumir posição de destaque na squadra azurra. Futebol de régua e esquadro, mas sem nunca esconder o músculo, e um remate que faz mossa pela potência e colocação, são características mais que suficientes para liderar a equipa italiana. Fez uma segunda metade de época fantástica ao serviço da Roma e volta a ser um nome em destaque na anual especulação do defeso.
PARAGUAI
O Paraguai chega ao Mundial com a fama de melhor futebol da CONMEBOL. Liderou a fase de qualificação durante muito tempo, acabou por terminar a 1 escasso ponto do Brasil, com os mesmos pontos do Chile, com quem partilha também o maior número de vitórias: 10 em 18 jogos. Ainda assim estamos perante uma das grandes dúvidas da competição, já que se apresenta sem o avançado Cabanas, totalista e melhor marcador da equipa no apuramento. Para o seu lugar poderá entrar Óscar Cardozo, cuja adequação ao modelo de jogo normalmente apresentado pelos paraguaios é uma incógnita. Mas a chamada de Lucas Barrios pode confirmar o estatuto de suplente do benfiquista. O objectivo do Paraguai é superar o seu melhor registo e chegar aos quartos de final.
Jogador chave: Edgar Barreto - Acaba de regressar à acção depois de em Março ter sido operado ao joelho direito. O médio que actua em Itália seria a âncora da equipa, mas uma época recheada de lesões lança dúvidas sobre a sua utilização. Será uma grande perda para a selecção paraguaia caso não consiga atingir a forma ideal para integrar o 11.
Nova Zelândia
A Nova Zelândia procura ainda o primeiro ponto nesta segunda aparição em fases finais do Campeonato do Mundo. Pouco se sabe sobre esta selecção para lá da sua alcunha de "all-whites", em contraponto aos "all-blacks" do rugby e pela mesmíssima razão: a cor do equipamento. Talvez nesta ausência de conhecimento sobre a sua realidade futebolística possa residir a sua principal arma, se esquecermos que a grande maioria dos jogadores actua no país de origem, onde existe um único clube profissional. Há, inclusivamente, dois seleccionados sem clube. É orientada por Ricky Herbert, que esteve como jogador no Espanha 82 e foi o 1º neo-zelandês a jogar na Europa. Algo que só 7 dos seus jogadores compreenderão. Os heróis são Rory Fallon, que marcou o golo do apuramento a 1 minuto do fim da partida, e Mark Paston, que nesse mesmo jogo defendeu uma grande penalidade.
Jogador chave: Shane Smeltz - Considerado, em diversas ocasiões, o melhor jogador do campeonato australiano, sagrou-se este ano o melhor marcador desse campeonato, título a que junta a eleição de Jogador do Ano na Oceania. Foi o melhor marcador da Nova Zelândia no apuramento e é o principal candidato a repetir os êxitos de Steve Wooddin e Steve Summer em 82.
Eslováquia
A Eslováquia estreia-se no Mundial sob o comando de Vladmir Weiss, o homem que levou o Artmedia à Liga dos Campeões, e é uma equipa a ter em conta. O seu historial é curto, mas ascendente. Foi quarta classificada no seu grupo de apuramento para o França 98, terceira para o Coreia/Japão e segunda no caminho para a Alemanha, tendo sido travada pela Espanha no playoff. Faz o jogo de estreia contra aquela que é considerada a equipa mais fraca do torneio e pode retirar dividendos dessa situação. O seu trunfo reside num meio-campo operário e o instinto do avançado Stanislav Sestak não deve ser menosprezado. Os conhecidos Marek Mintal e Vratislav Gresko não estarão na África do Sul.
Homem chave: Marek Hamsik - É a gazua do meio-campo eslovaco e tanto pode quebrar a defesa adversária com uma assistência perfeita para o avançado, como surpreender o guarda-redes com um tiro colocado. Prefere receber a bola no espaço ofensivo, mas não se escusa a recuar para pegar no jogo. E sabe impor o físico, não se esquivando ao trabalho defensivo. É essencial em toda a manobra do futebol eslovaco.
Opinião
Itália e Paraguai partilham uma filosofia futebolística similar, onde o rigor defensivo é arma essencial para atingir os objectivos. Não são, no entanto, equipas que desprezem a bola. São as favoritas a seguir em frente, apesar da Eslováquia ter capacidade para surpreender e encaminhar qualquer uma das selecções rumo ao aeroporto mais próximo. Acredito que será uma luta a três, mas coloco a fichas na tradição da Itália e na estratégia paraguaia.