A Espanha é campeã do Mundo de futebol juntando assim a coroação máxima do mundo da bola ao título de melhor da Europa conquistado há dois anos.
Lembremos que a Espanha começou de trás para a frente como se diz nas corridas de Fórmula 1. Perdeu o primeiro jogo para a Suíça e logo soou o alarme no país vizinho. Depois soube equilibrar-se não perder a calma e foi sempre a ganhar até à vitória final e maior.
A derrota inaugural terá marcado todo o trajecto dos novos campeões do Mundo que passaram a jogar um futebol muito mais pragmático e realista do que alguma vez tinham apresentado.
Esta será uma "Espanha 1.0" que não quis correr mais o risco de lhe acontecer o mesmo que sentiu na estreia. Eu diria mesmo que esta Espanha é a nova Itália mas ao contrário, isto é controlar o 1-0 mas com bola nos pés, ao contrário da matreirice cínica italiana que defendia superiormente as suas vantagens. Sendo assim é mais atraente visualmente esta Espanha 1.0 mas igualmente irritante quando não larga a bola.
Até à final a Espanha afastou com justiça Portugal, Paraguai e Alemanha, por isso esperava ver a equipa sem medo de pegar no jogo contra os holandeses, mesmo porque o trunfo maior dos laranjas era aproveitarem a posse de bola para servirem Kuyt, Robben e Sneijder. A Espanha não desiludiu e entrou no jogo mais autoritária com mais controlo de jogo e com olhos postos na baliza holandesa. O acerto final tanto em bola corrida como nos temíveis cantos não estava apurado e disso se valeu a Holanda para impôr muita agressividade física no jogo fazendo quebrar o ritmo aos espanhóis com sucessivas faltas e um festival de cartões amarelos.
Del Bosque obviamente não prescindiu do seu 4-2-3-1 , que curiosamente também foi utilizado do outro lado por Van Marwijk, deixando Torres no banco continuando a aposta em Pedro. Com a quebra de ritmo e a entrada do jogo em enorme equilibrio sem grandes oportunidades a Holanda conseguiu assustar os espanhóis que acusaram o toque.
A Espanha apostou em dar velocidade aos flancos e trocou Pedro por Navas na esperança que o sevilhano conseguisse forçar a expulsão de algum holandês amarelado. Só que depois dos ajustes foi a Holanda que teve a melhor oportunidade para marcar quando Sneijder isola Robben não conseguiu bater Casillas. O guarda redes do Real Madrid deu o primeiro passo para o título mundial numa defesa soberba. A equipa sentiu a dádivas de Iker e lançou-se ao ataque mas Villa e Sergio Ramos não conseguiam fazer o golo.
Não contente com a perda na cara de Casillas a maior estrela laranja conseguiu arranjar segunda oportunidade fugindo a Puyol e ficando novamente à frente do capitão espanhol que levou a melhor roubando genialmente a bola dos pés de Robben.
Foi aqui que se escreveu a história da final, Robben não matou o jogo porque Casillas recusou-se a morrer com a Espanha na final.
Depois entrou Fabregas para o lugar de Xabi Alonso e o jogo mudou. A Espanha ganhou mais definição no meio campo.
Até ao fim dos 90' tanto Casillas com Stekelenburg estiveram imbatíveis.
No prolongamento Del Bosque usou uma valiosa arma chamada Torres que entrou para o lugar de Villa que hoje não foi maravilha. Sentiu-se que a Espanha quis mais ganhar o jogo e o facto de meia equipa laranja estar prestes a ver um vermelho devido ao estilo adoptado para defender previa-se que a Holanda podia caír a qualquer momento porque já se tinha visto que as estrelas laranjas não estavam em dia de decidir nada nem Casillas estava para aí virado.
A expulsão aconteceu já na 2a parte do prologamento e depois Torres aparece a cruzar para a área, a defesa holandesa corta mas a bola sobra para Fabregas que abre magistralmente para Iniesta que fez o melhor golo da sua vida! Como se vê dois jogadores lançados por Del Bosque já na parte final que foram determinantes na vitória.
Mas nada disto teria sido possível se na baliza não tivesse havido um super Casillas e por isso o elegemos como melhor do jogo.
A vitória da Espanha é justa e compreende-se perfeitamente como uma aposta continuada num trabalho que já vem de trás com triunfos nas camadas jovens, no Euro 2008 e agora no Mundial sempre baseado na equipa do Barcelona e por isso não será exagerado dizer que Guardiola também é um campeão do mundo na sombra.
Parabéns Espanha!