Tão mal habituados estamos que ao intervalo deste jogo - mesmo aceitando que por vezes assistimos a um equilíbrio de jogo cuja diferença de valia não deveria permitir - teríamos que qualificar a exibição de Portugal com nota positiva. Irrepreensível a atitude com que a equipa entrou em campo, bem exemplificada na garra de Ricardo Carvalho. Contudo, o passado recente desta equipa e a pouca confiança que os adeptos nela iam depositando por estes dias, fez com que o primeiro remate perigoso dos norte-coreanos abalasse um pouco o 11 luso. Felizmente, em tarde de quase dilúvio, foi sol de pouca dura. Uma associação perfeita entre Tiago e Raúl Meireles permitiu inaugurar o marcador e aliviar a pressão.
Não sou um grande fã de Carlos Queirós. Bom, sejamos sérios, na verdade eu acho o Queirós um incompetente a nível sénior. Não é uma opinião de hoje, nem de ontem, é de sempre. Mas hoje farei um elogio, talvez errado, por absoluto desconhecimento do que realmente se passa no balneário ao intervalo. Mas arrisco dizer que o que fez, ou o que disse, foi bem feito, ou foi bem dito. Perante um opositor que hoje se apresentou um pouco mais aberto que frente ao Brasil, Portugal entrou para a segunda parte com um claro objectivo: matar o jogo o mais rapidamente possível. E consegui-o. O marcador avolumou-se por isso de forma natural perante o desalento dos jogadores da Coreia do Norte.
Não será fácil retirar grandes ilações desta exibição, em virtude da fraca oposição norte-coreana. Tiago e Raúl Meireles entenderam-se muito bem, deram até a ilusão que este 433 poderá funcionar melhor sem um organizador definido, mas como seria contra outro adversário, menos macio, mais inteligente? E talvez Miguel tenha ganho o lugar a Paulo Ferreira, mas será que o defesa do Chelsea não apresentaria trabalho semelhante perante o grau de dificuldade apresentado? Certezas parece haver apenas uma. Independentemente da forma de Liedson, Hugo Almeida a titular será sempre um erro de casting.
Aguardo agora por reacções. É provável que se instale uma euforia desmedida, porque marcar por 7 vezes é sempre um feito assinalável, mais ainda quando recordamos deficiências de concretização frente a formações europeias de questionável valia, mas perfeitamente injustificável porque ninguém nos eu perfeito juízo poderá dizer que os problemas estão resolvidos. Mas o goal-avarage, ao que tudo indica, coloca Portugal nos oitavos de final, o que, digo eu, olhando a seleccionador e plantel, torna esta participação no Mundial positiva.
HOMEM DO JOGO: 19 TIAGO