Este era um embate sem história. Os Camarões, já eliminados, limitavam-se a jogar o seu orgulho. Aos holandeses um empate era mais que suficiente para assegurar o primeiro lugar do grupo. Mas se muitos seleccionadores aproveitaram a terceira ronda para descansar titulares e testar outras opções, Bert van Marwijk limitou-se a resguardar o amarelado Van der Wiel, conservando os restantes 10 titulares neste Mundial por forma a aperfeiçoar o entrosamento da equipa. O regresso de Robben, que entrou na ponta final da partida, acabou por constituir o principal foco de interesse.
Os Camarões foram os primeiros a ameaçar, mas é difícil conservar o ânimo nestas circunstâncias e faltou capacidade para dar continuidade a esse momento. A Oranje assumiu as rédeas, mas sem forçar o ritmo as oportunidades não surgiam. O jogo continuou em registo banho-maria até ao quarto-de-hora final, quando Van Persie abriu o marcador após excelente entendimento entre o trio atacante. Mas o jogo continuaria lento e desmotivante para os espectadores. A segunda parte começou de forma oposta. Se foi um holandês, no caso Van Persie, a criar a primeira oportunidade de perigo, reagiram bem os Camarões, finalmente a equilibrar a contenda. O árbitro acabou por dar uma mãozinha para que Eto'o igualasse da marca dos 11 metros e os Camarões acreditassem na possibilidade da vitória. Não durou muito.
A entrada de Robben agitou o jogo, como agitará de futuro o futebol holandês. Garantida a organização e equilíbrio da Oranje, será o extremo a levar o futebol holandês para outra dimensão. E foi de uma iniciativa sua que nasceu o golo da vitória, uma bomba ao poste que foi caprichosamente ter com Huntelaar. Aí bastou tocar para a baliza deserta.
A Holanda defrontará agora a Eslováquia, garantia que mais uma equipa europeia seguirá para casa nestes oitavos-de-final. Os Camarões são mais uma, talvez a principal, desilusão africana.
HOMEM DO JOGO: 6 Mark VAN BOMMEL