Uma cadeira e uns binóculos. Estivesse eu no lugar de Barry, teria sido este o meu desejo ao intervalo. Passou os 45 minutos a ver a bola lá longe, trabalho teve-o apenas em duas ocasiões, quando foi forçado a ordenar a barreira. E nada mais fez que controlar a bola com os olhos enquanto esta saía pela linha de fundo.
O jogo foi sempre de sentido único, a prometer uma goleada histórica que não foi confirmada. Aos 20 já a Costa do Marfim celebrara dois golos e vira a barra recusar um terceiro. Continuaram a pressionar os africanos, continuaram a sofrer os norte-coreanos, em particular o seu guarda-redes que voltou a sentir barra tremer após remate de Gervinho. Ao intervalo o resultado era lisonjeiro para os asiáticos e também para as aspirações de Queirós e Cia que, no entanto, ia fazendo a sua parte e garantindo o empate.
A Costa do Marfim continuou a carregar durante a segunda parte, mas o relógio avançava e a pressão aumentava. A bola chegava à área com relativa facilidade mas faltava calma na decisão. A Coreia do Norte tentaria um par de iniciativas e Barry lá teve direito a entrar para as estatísticas recolhendo uma bola fácil que Tae Ze rematara. Ia esmorecendo a Costa do Marfim, mas houve novo fôlego africano nos 10 minutos finais, com Kalou a marcar o terceiro e a desviar, logo de seguida, para Doumbia: marcaria o quarto golo não fora a pronta intervenção do árbitro auxiliar.
A Costa do Marfim despede-se do Mundial com a sensação de dever cumprido. Empatou Portugal sem a sua estrela-maior, perdeu naturalmente com o favorito e fez tudo o que estava ao seu alcance para vencer a Coreia do Norte. Os asiáticos, depois de uma interessante demonstração de vontade frente à canarinha, revelaram toda a sua fragilidade nos jogos seguintes.
HOMEM DO JOGO: 19 Yaya TOURE